Case FreeCô: o que aprender com um produto inusitado que conquistou o mercado
- We Do Logos
- há 3 dias
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Case FreeCô: como um produto inusitado virou oportunidade (e lição de branding)
Transformar um problema constrangedor em oportunidade de negócios exige sensibilidade, criatividade e coragem para desafiar tabus. Esse é o ponto de partida do case FreeCô, marca do grupo Freebrands, que conquistou espaço no mercado brasileiro com um produto simples e muito bem comunicado: um desodorizador que forma uma barreira na superfície da água do vaso sanitário, impedindo que maus odores se espalhem.
Nos próximos tópicos você encontrará uma análise aprofundada do posicionamento da marca, das escolhas de produto, packaging, comunicação e distribuição — e, principalmente, lições práticas para aplicar no seu negócio, seja ele produto físico, serviço ou marca pessoal.

O produto: simplicidade, propósito funcional e insight de comportamento
Uma solução direta a uma dor real (e pouco falada)
A FreeCô identificou uma dor cotidiana — o cheiro desagradável do vaso sanitário — e criou uma solução objetiva: uma substância que forma uma barreira sobre a água, evitando a dispersão de odores. A grande sacada não foi apenas a funcionalidade técnica, mas o reconhecimento de que esse problema é real e recorrente para milhões de consumidores.
Leia também: A História da FreeCô
Nome, fragrância e associação cultural
Curiosamente, a versão “Original” do produto não nomeia uma fragrância: sua fragrância é capim-limão — escolha baseada em pesquisa que apontou preferência do público brasileiro por esse aroma na categoria de limpeza. O nome “Original” reforça o pioneirismo da marca e a ideia de que o produto inaugurou uma nova categoria. Isso demonstra atenção ao detalhe: nome + aroma = mensagem simbólica que ajuda a acelerar a compreensão do consumidor.
Lançamento e comunicação: brincar para educar (quando educar dá trabalho)
Evitar educação exaustiva e apostar no humor
Entrar com um produto novo e conceitualmente diferente no mercado costuma exigir muita educação do consumidor — o que gera custos e risco de rejeição. A FreeCô decidiu adotar uma rota contrária: ao invés de ensinar exaustivamente, brincou com o produto. A marca usou humor, irreverência e curiosidade como principal motor de adoção — estratégia que tornou a explicação do funcionamento praticamente desnecessária, pois o público acabou entendendo ao ver e ao compartilhar.
Facebook, mídia paga acessível e influência na virada inicial
Na fase inicial, a FreeCô aproveitou a baixa concorrência de mídia paga no Facebook (na época) para obter grande alcance por investimento reduzido. A plataforma foi usada para conteúdo que incentivava o compartilhamento e a viralização — somada a parcerias com influenciadores e criadores, essa tática fez a mensagem atravessar a barreira do tabu com leveza e tráfego orgânico.


Identidade visual e embalagem: um pilar estratégico, não apenas estético
Design como reconhecimento instantâneo
A FreeCô construiu uma identidade visual forte — cores, tipografia e layout — que tornaram os produtos imediatamente reconhecíveis nas prateleiras. Segundo o case, a marca aposta tanto nessa identidade que evita politicamente depender de patentes para cada inovação; em vez disso, constrói confiança e distinção por meio de design consistente. Essa estratégia reduz a necessidade de explicar o produto repetidas vezes: a embalagem conta parte da história.
Embalagem que puxa conversa
Quando o produto tem um fator constrangedor (tabu), design e linguagem têm que trabalhar para “desarmar” o consumidor. A FreeCô usa embalagem e tom para despertar curiosidade, criar humor e facilitar a conversa — e isto gera prováveis efeitos de experimentação por impulso (comprar para testar) e compartilhamento social.
Expansão de portfólio e inovação contínua
A partir do core product, a marca ampliou o portfólio — lenços umedecidos, protetores de assento e outras soluções de higiene — mantendo a mesma assinatura de praticidade e irreverência. Essa estratégia protege o posicionamento e amplia o lifetime value do cliente: produtos adjacentes aumentam a frequência de compra e fixam a marca como referência na categoria.
Planos de internacionalização: adaptar o discurso cultural
Um desafio cultural real
A FreeCô já considera internacionalização, mas enfrenta um obstáculo essencial: a percepção do cheiro e a preocupação com odores variam muito entre culturas. O Brasil, por exemplo, tem um nível de sensibilidade a cheiros diferente do de muitos mercados internacionais. Por isso, a estratégia precisa de adaptação — e a marca pensa em usar comunidades brasileiras no exterior como porta de entrada.
O que isso nos ensina sobre expansão
A lição é clara: não exporte apenas o produto — exporte a adaptação cultural do posicionamento e da comunicação. Produtos que lidam com hábitos íntimos exigem mais pesquisa cultural, testes de linguagem e ajustes de formulação (fragrância, intensidade, formato).

Os pilares do sucesso do case FreeCô (resumidos)
Insight direto sobre uma dor real — identificar uma necessidade não declarada e oferecer solução simples.
Posicionamento comunicacional leve e irreverente — usar humor para tornar aceitável o assunto e gerar boca a boca.
Identidade visual marcante — design e embalagem que explicam e vendem o produto antes da pessoa abrir a embalagem.
Expansão inteligente do portfólio — adjacências que ampliam possibilidade de compra e fidelidade.
Adaptação cultural para crescer internacionalmente — testar e ajustar a comunicação conforme o mercado.
Lições práticas e checklist rápido para marcas (produto ou serviço)
Abaixo, táticas acionáveis para quem desenvolve produtos ou quer reposicionar uma marca:
1. Valide a dor antes de educar
Se o problema for reconhecível, teste hipóteses com experimentos pequenos (landing pages, amostras, testes em pontos de venda). Só gaste grandes verbas de educação se necessário.
2. Use o humor quando apropriado — mas com sensibilidade
Assuntos íntimos e tabus podem ser desarmados com humor. Teste tons e mensagens em grupos focais antes do grande lançamento.
3. Embalagem = primeiro vendedor
Invista em design que conte a proposta do produto em poucos segundos. A embalagem deve reduzir perguntas e atrair o consumidor correto.
4. Mídia paga barata pode acelerar o breakout
Em mercados menos concorridos, mídia social paga com criativos virais pode gerar alto ROI. Combine com influenciadores que se alinhem com a linguagem da marca.
5. Planeje o portfólio com foco em retenção
Adicione SKUs que reforcem o posicionamento, mas não diluam a marca. Produtos adjacentes precisam falar a mesma linguagem.
6. Internacionalize com pesquisa cultural
Antes de entrar em outro país, valide percepções culturais e ajuste o produto (aroma, intensidade, empacotamento) e a comunicação.
Como o branding estratégico (e a We Do Logos) entra nessa história
O case FreeCô é um ótimo exemplo de que produto + design + comunicação são inseparáveis. Marcas que entendem o papel do branding desde a fase de ideação têm muito mais chance de acelerar a aceitação no mercado.
Na We Do Logos, ajudamos marcas a:
Definir nome e promessa que comunicam a proposta imediatamente.
Desenvolver embalagem e identidade visual que convertem na gôndola e nas redes sociais.
Criar linguagem e tom de voz (humor, irreverência ou formalidade) alinhados ao público.Se quiser ver como isso funciona na prática, confira nossos serviços de Naming e Identidade Visual. (Links sugeridos: Serviços We Do Logos e O que é Branding.)
Exemplos de aplicação (mini-planos para 90 dias)
Lançamento mínimo viável (MVP) em 30 dias
Teste do produto em 3 pontos de venda locais.
Criativo simples em redes: vídeo de 15s explicando o benefício com humor.
Landing page com pré-venda e formulário de feedback.
Escala em 60 dias
Rede de influenciadores regionais (microinfluenciadores) que provem e mostrem o uso.
Campanha de mídia paga no Facebook/Instagram com criativos A/B.
Ajustes de embalagem conforme feedback de prateleira.
Consolidação em 90 dias
Lançamento de 1 produto adjacente (lenço ou protetor) para aumentar ticket médio.
Estratégia de conteúdo educativo leve (“mitos e verdades sobre higiene”) para SEO e autoridade.
Planejamento de entrada em marketplaces.
Conclusão: o diferencial está na combinação
O sucesso do FreeCô não vem de um único fator. Vem da combinação inteligente entre um insight de produto verdadeiro, identidade visual forte, comunicação que conversa com o público (sem empurrar a educação técnica) e execução consistente em canais digitais. Para marcas que buscam entrar em categorias consolidadas ou abordar temas delicados, a lição é prática: crie uma solução simples, conte essa história com coragem e desenhe a embalagem que fale por você.
Referência principal
“Case FreeCô: como um produto inusitado conquistou o mercado”, Mundo do Marketing.