Fazer escolhas e resolver problemas são, geralmente, os maiores desafios na vida de um novo empreendedor. Uma startup ainda não tem a expertise de uma grande empresa estabelecida no mercado há anos para tomada de decisões, mas pode usar o design thinking para gerar soluções e identificar problemas mais facilmente.
Essa abordagem costuma gerar certa resistência em estruturas mais tradicionais, pois propõe uma revisão de todas as certezas, muitas vezes mudando os rumos dos negócios. As startups têm ainda mais a ganhar, pois sua natureza inovadora é totalmente compatível com as premissas do design thinking.
Embora esse termo já esteja em alta há algum tempo, seu uso ainda gera muitas dúvidas. Se você ainda tem dúvidas sobre ele, fique tranquilo! Preparamos este post para ajudar a entender melhor o que é design thinking e como ele pode ajudar no desenvolvimento da startup. Vamos conferir?
O que é design thinking
O processo de desenvolvimento de design gráfico e de produtos é sinônimo de inovação e experiência completa, seja ela emocional, cognitiva ou estética. A abordagem proposta pelo design thinking segue a mesma premissa e usa o raciocínio lógico e criativo, sempre focando no consumidor.
O processo propõe um novo olhar sobre os padrões preestabelecidos, incentivando os gestores a desenvolverem a liderança criativa. Essa nova forma de coordenar tem como foco buscar soluções inovadoras para toda a empresa.
Uma das premissas dos adeptos do design thinking é aprender na prática. Para eles, experimentar ajuda a transformar ideias e soluções mais rapidamente. Quando os planos e ações saem do papel e são transpostos para o mundo real, é preciso ter a consciência de que erros podem acontecer. A diferença é que, com o monitoramento proposto por essa abordagem, os prejuízos tendem a ser menores, pois a identificação do problema é precoce.
Quando falamos em design thinking, estamos tratando de um jeito de pensar que valoriza o trabalho multidisciplinar, a troca de experiências dentro da equipe e busca soluções de gestão inovadoras. Embora não possa ser considerado como uma metodologia, com passo a passo engessado, algumas etapas são comuns e caracterizam esse processo.
As etapas do processo
Pensar como designer não significa, necessariamente, a concepção de algo visual. Embora o design gráfico e de produto sejam trazidos à tona com essa expressão, o que interessa aqui é a postura que se assume e as técnicas usadas para tomada de decisões, resolução de problemas e busca por inovação.
Alguns passos podem guiar as ações da sua equipe nesse caminho, embora não haja uma fórmula pronta e infalível, conforme falamos anteriormente.
Mergulhe fundo no desafio
É preciso encontrar o problema real, a questão mais profunda a ser resolvida, aquela que muitas vezes fica escondida atrás das aparências. Aqui, a dica é deixar de lado as primeiras impressões e ter perseverança de ir fundo ao ponto central do desafio.
Há também a necessidade de equilibrar as diversas opiniões dentro de um grupo e continuar questionando até que se encontre a raiz do problema. Qual é a real necessidade do meu cliente? Que tipo de serviço trará um benefício direto ao consumidor? Essas questões são bastante importantes, já que o foco do design thinking são as pessoas.
Uma vez que o problema real é claramente definido, é possível passar para a fase de busca por soluções.
Explore todas as opções
Os métodos mais comuns de resolução de problemas em empresas são baseados em reuniões de equipes, discussões entre líderes e aconselhamento com especialistas. O problema dessa abordagem é que ela acaba parando nas primeiras impressões sobre o assunto, no óbvio.
A proposta do design thinking é considerar o óbvio, mas ir além na busca de opções. Nessa fase, é importante montar equipes de diferentes áreas, com perfis variados para aumentar as possibilidades de solução. Cada indivíduo vê o problema do seu ponto de vista e são justamente essas características únicas que deixam as ideia mais ricas.
O papel do líder é de extrema importância, pois cabe a ele coordenar a equipe para que todos se sintam à vontade de contribuir, sem censuras ou repreensões. Especialmente na fase de levantamento de ideias, nenhum tipo de manifestação deve ser descartado.
Decida qual solução aplicar
Uma vez que já se possui um bom número de ideais para solucionar o problema proposto, chega a hora de fazer uma lista das opções mais viáveis. Questões financeiras e tecnológicas, por exemplo, devem ser levadas em conta para excluir algumas dessas possibilidades.
Uma dica é criar pontos a serem avaliados e categorizar as soluções dentro desses critérios. Assim, fica mais fácil visualizar qual opção tem a maior chance de sucesso. Uma lista em ordem de prioridade pode ajudar muito nas próximas etapas do processo.
Faça testes
Pegue a solução que está no topo da lista e faça teste. Se você estiver tratando do desenvolvimento de produtos, por exemplo, desenvolva um protótipo. Se o objetivo for criar um novo serviço, reúna um grupo de teste controlado.
O importante aqui é ver como a solução apontada se comporta na prática. Esses testes ajudam a verificar as falhas que possam ter passado pelo processo de geração e filtragem de ideias.
Revise e avalie a solução
Implemente a ideia que teve bom desempenho nos testes e avalie os resultados. Mantenha um controle de perto para ter certeza que as metas e objetivos traçados estão sendo alcançados. Assim, é possível corrigir os desvios o quanto antes, levando o projeto para o caminho certo.
Faça perguntas diretas como “A solução foi bem recebida?”, “O que poderíamos ter feito melhor?”, “Deixamos passar algum problema?”. As respostas obtidas é que determinarão o próximo curso de ação. O ciclo do design thinking nunca se fecha! Ele deve sempre atuar como um catalisador para melhoria contínua, desenvolvimento e aprimoramento da empresa.
Como a própria natureza desse processo é volúvel, em qualquer momento que você identifique problemas nas etapas, volte para a anterior. Se a filtragem de ideias não resultou em nenhuma boa opção, não há mal algum em voltar à fase de geração criativa.
Foco no consumidor
Entender as necessidades e quem é verdadeiramente seu público-alvo usando técnicas de design thinking é fundamental para a criação de soluções que resolvem problemas reais, geram boas experiências e melhoram a vida de quem as usa.
Para descobrir essa necessidade de personas distintas, existem várias ferramentas dentro desse método. Uma delas chama-se customer development. No processo, é possível descobrir se as hipóteses apontadas pela empresa são realmente verdadeiras e atendem as expectativas dos consumidores, suas dores e anseios.
Se uma startup consegue identificar essas necessidades e entender o cliente desde o início, ela pode economizar muito tempo e dinheiro. Esse conhecimento permite a descoberta do melhor modelo de gestão, aquele que é mais compatível com as características da equipe e do público-alvo.
Vantagens de aplicar a cultura de inovação na sua startup
Um grande problema enfrentado por empresas novas no mercado é exatamente conseguir permanecer no mercado. Em 2013, a Forbes divulgou uma pesquisa surpreendente: 80% das startups fracassam dentro de 18 meses e decretam falência. Por quê?
Muitas vezes, o produto ou serviço que é oferecido não satisfaz os reais desejos e necessidades do consumidor. É aí que entra o design thinking como aliado da startup, já que ele ajuda a compreender o negócio como todo, numa visão mais abrangente e focada em soluções.
De acordo com o vice-presidente de programas da LACI (Los Angeles Cleantech Incubator), Erik Steeb, o design é importante para as startups justamente porque elas têm o desafio de descobrir o modelo de negócio adequado para sua inovação. “Muitas vezes, as empresas gastam todo o seu tempo na própria inovação e perdem elementos-chave que realmente conectariam o serviço ou produto a um mercado em particular.”.
Uma cultura de inovação verdadeira não acontece somente nos departamentos criativos, como o marketing ou desenvolvimento de produtos. Todos os setores da empresa e equipe de profissionais devem abraçar o design thinking. Os processos administrativos e financeiros podem ser muito melhor ajustados se fizerem uso dessas técnicas.
Por que aplicar design thinking
Lidar com prazos realistas e estabelecer corretamente os custos de desenvolvimento de produto, embalagem e entrega são variáveis extremamente importantes para startups e afetam diretamente a capacidade de competir com outros players e de reter clientes.
O pensamento mais abrangente proposto pelo design thinking é muito útil para identificar outras oportunidades de parceiros, canais, fluxos de receitas e estrutura de custos. O maior número de alternativas de negócio aumenta as chances de sucesso da startup, já que permite uma flexibilidade ao lidar com o mercado e os obstáculos encontrados.
O capital humano é mais um recurso que se beneficia desse método. Como ele preza pela empatia, participação e valorização da equipe, os funcionários costumam se sentir mais motivados, animados e interessados em resolver os problemas. A troca de experiência entre os setores facilita também o novo olhar sobre a estrutura interna da empresa.
Com essas informações, fica claro que investir no design thinking pode trazer mais produtividade, satisfação e lucro para o negócio, certo? Sua startup já usa essa abordagem? Tem alguma dúvida ou sugestão? Compartilhe sua experiência conosco nos comentários!